A IA pode substituir um terapeuta?

terapia com IA. Homem deitado no divã sendo ouvido por um robô

Segundo um estudo publicado na Harvard Business Review, em 2025, terapia com chatbots foi o principal uso que as pessoas fizeram da inteligência artificial (IA). Isso significa que as pessoas estão usando chatGPT, Gemini, Copilot e outras ferramentas do tipo principalmente para “conversarem”. Será que a IA poderá um dia substituir os terapeutas?

Essa é uma pergunta que não apenas os profissionais de saúde mental estão se fazendo (psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, etc), mas também os jovens. O número de pessoas interessadas em estudar psicologia no Brasil cresceu de forma expressiva, mais do que duplicando entre 2010 e 2021, com um aumento de 112,4% nas matrículas, de acordo com dados do Instituto de Psicologia da USP – Universidade de São Paulo.

Esse fenômeno é certamente mundial. É como dizem por aí: metade da população está louca, a outra metade está fazendo terapia. O aumento da demanda pelo curso de psicologia e da percepção da importância da saúde mental é revelada nos números, e o uso da IA como terapeuta é só mais um dado na planilha da análise sociológica contemporânea.

Concorrência desleal

A demanda por terapia é grande, o estigma de que os profissionais “psi” tratam de loucos ainda existe, mas diminuiu bastante. E por mais que tenhamos um aumento nos números de profissionais, restam ainda muitos entraves para uma significativa popularização das psicoterapias.

O fator financeiro, sobretudo em países como o Brasil, provavelmente é o maior entrave. As terapias custam caro, às vezes muito caro, mas os profissionais precisam cobrar, afinal estudaram, investiram em suas formações e, embora as psicoterapias tratem da ‘alma’ da pessoa (lembrando que ‘psi’ significa alma), elas não são igreja nem caridade. O campo é diverso: algumas vertentes se reivindicam como ciência, outras flertam com a metafísica, mas todas têm um método e uma epistemologia que as sustentam.

Somando o fator financeiro à disponibilidade total das IAs em termos de tempo e de um suposto sigilo (sabe-se lá para onde vão as informações reveladas a ela), tem-se que, a princípio, as IAs têm tudo para substituir os terapeutas humanos. A concorrência é desleal: gratuita e operando 24 horas por dia.

Mas os problemas com as IAs já começam a aparecer. Recentemente tivemos a primeira denúncia jurídica contra uma empresa que opera IA, no caso, a OpenAi, que faz a chatGPT. O processo apenas começou, não sabemos o resultado, mas a empresa foi acusada de assistir ao suicídio de um adolescente de 16 anos.

Além disso, casos de psicose foram relatados causados por uso extenso da ferramenta. É o “no limits” de tempo de uso e o exagero dos elogios, a falta de alteridade e a ausência de castração que, em sujeitos mais frágeis, e justamente os que mais precisam de terapia, que a IA é perigosa.

Outros casos menos graves, pequenos impasses da vida cotidiana também viraram notícia. Por exemplo, perder um voo por ter acreditado nas informações fornecidas pela IA. São casos bobos, mas que já começam a mostrar os efeitos da IA em nossa sociedade e, mais que isso, o início da descrença nesse superpoder, nessa inteligência, que por artificial que seja, nos reporta sempre a uma inteligência.

O começo da virada

Talvez a IA venha a ser o grande tiro fálico que saiu pela culatra no sentido de ter suas fragilidades cada vez mais expostas.

Se assim acontecer, além de as IAs num futuro próximo não poderem substituir os terapeutas, ela poderá fazer justamente o contrário: fomentar as psicoterapias dado que estão causando mais danos que trazendo soluções.

Talvez a nossa opinião, como instituto que somos, seja um pouco suspeita: Freud explica! Mas percepções viram números quando exacerbam as opiniões pessoais e viram dados na planilha social que estamos construindo, quer a Inteligência Artificial queira, quer não queira.

E você? Como vê essa questão? A IA pode substituir um terapeuta?

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